quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sonhos, Laços e Dor


Ela Dorme
Padece em seu refúgio preferido
um doloroso conflito interno a travar
com seu monstro interior mais odiado
ela precisa vencer...

É a realidade que a limita e a impede de 'ser'
além da carne, além do sangue
certo ou errado
são dúvidas que a consomem

obstáculos a mais...

Não há retornos
ou segundas chances
na injustiça poética do destino
o 'nunca mais' sorri
e o 'para sempre' torce

aqui ela é apenas Alice...
ou seu monstro mais temível
sem saber a origem da verdade
chora em pura dor

Ela precisa enfrentá-lo
vencer aquilo que destrói o que ela mais ama
mesmo tudo parecendo tão difícil
e ao mesmo tempo tão distante

Quando... então,
Um antigo aliado surge
e traz palavras para ela:

"São apenas sacrifícios feitos por aqueles que amam
nada mais justo, na verdade...
agora levante sua fronte e lute!
estou com vc! lembre-se sempre disso..." Sussurrou o Arlequim

Agora ela não é mais Alice
ela não é mais o monstro

Ela finalmente acordou.

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Dorme em Paz - Ludov

Dorme em paz, já é madrugada
Não dê ouvidos aos ruídos, a essa falta de ar
Meu amor, não pense mais em nada
Feche os olhos e as janelas
Deixe o sono te levar
Pelo escuro

Ser donzela ou matar mil dragões
Ter cautela ou seguir furacões
Deixa o sono te levar

Deixa eu te ninar
Dedilhar os teus cabelos
Teus pesadelos vão terminar

Já é tarde pra mais uma rodada
Seus problemas e dilemas não estão mais aqui
Tanto faz ser vítima ou culpada
Abra os olhos e as janelas
Deixe o sol te iluminar
Deixe tudo pra lá

Se teus sonhos vêm na contramão
Se teus monstros vêem na escuridão
Deixa o sol te iluminar

Deixa eu te ninar
Deixa eu perder meus dedos nos teus cabelos
Teus pesadelos vão terminar

Fala a verdade, por favor
Diz que é mentira esse rumor
Que você vive sofrendo
Que você anda morrendo de pavor

Fala a verdade
Diz que é mentira
Que você vive sofrendo
Que você anda morrendo por amor

Fala a verdade

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Gêmeas


Mentis e Pontis

ambas são a verdade
irmãs gêmeas do destino..


Mentis é sádica,
aquela menininha mimada...
normalmente é azeda.
tingi os cabelos com sangue...
faz mistérios pra chamar a atenção.
e brinca com seu ilusionismo tão convincente
tudo teatro.
só pra diversão dela mesma.



Pontis é doce...
carinhosa e divertida...
paciente e sempre calada.
serena e atenta.
solta versos na chuva
e lágrimas no amanhecer.

nunca andam juntas...
nunca se encontram...


Pontis nunca sai...
sentada em seu coral de lamentos
de costas pro mar... sempre


Mentis nunca para...
corre pelos cantos
trota por entre as árvores...
zomba dos sons dos pássaros..

Há anos Mentis pertuba o sono deles
convencida e cega.


e foi então que o coelho percebeu,
e o chapeleiro sorriu desviando o olhar...

Pode ser sentido no ar...
na brisa dos 4 ventos...
algo está mudado...

O chá virou um teatro deles
para distrair Mentis...


Pontis está vindo.
Sua mãe, a vontade, a chama.
até que enfim.. - suspirou o coelho.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Jardim dos Espelhos


O Jardim dos Espelhos

Existem cacos espalhados em todo lugar...
estilhaços do passado, revelações propositais...
perfeitos em sua natureza bruta

e que brilham sem querer...

Sempre precisei

De um pouco de atenção

Acho que não sei quem sou

Só sei do que não gosto...


Formam uma trilha para os mais atentos

guias secretos para dentro do labirinto
como quem é sugado para o universo que relata
e lá entramos sem vontade de sair


Você me veio
Como um sonho bom

E me assustei

Não sou perfeito...


Aqui brincam coelhos e cartas
Eles riem, acenam e tomam chá...
aqui e acolá...
fora também
no nosso imaginário perfeito

que se alinha nas coincidências raras

Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber

E de pensar nisso tudo

Eu, homem feito

Tive medo

E não consegui dormir...


Aqui corremos como crianças descalças
Há leis sinceras, pactos divertidos e puros

e admirações verdadeiras nas coisas mais simples

como SEMPRE deveria ser...


Sou um animal sentimental
Me apego facilmente
ao que desperta meu desejo
...

No caminho uma parede de luz
de ofuscância indolor

e foi quando eu a reconheci
e assim olhei meus reflexos

e ví as mesmas sombras tristes


Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.


Ela colheu minhas lágrimas secas
e a verdade por trás dos meus sorrisos

meus segredos profundos e improferíveis

minha dor em ter causado dor, minhas causas e honras

e comparamos nossas cicatrizes com olhares curiosos


Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,
Tudo está perdido mas existem possibilidades.

Que eu viva então para lavar seus medos
Arranhar seu véu altivo

e quebrar seus mistérios

que se tornam mais complexos a cada tentativa


Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente

Com toda a calma do mundo.


Que eu mostre, com tons de imprudência e ousadias a parte
que o melhor dia ainda é o hoje

e que o sopro das palavras cheias de cuidados

revelem que a caminhada será sempre mais longa que o esperado
.

...sempre.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Fever


Respiração lenta, forte... descompassos barulhentos demais.

Distâncias calorosas em cada célula... gritos mudos.

a dor aqui é relativa e o metal é frio... climatizações a parte.

Ilusões coloridas sem nome, reflexos em falta no mercado.

Há esperas...e planos... o sangue, só de passagem, corre.

Amassos? só na cara da transeunte inodora... ilusões estranhas.

Longe estão os jardins que o sol esqueceu... lembranças velhas e sujas.

Tudo vive, nada vive. Há quem vague sem sonhar, e vive sem viver.

E quando os pássaros permeiam minha camisa, é hora de dar 'tchau'.

Assim repentino, às segundas badaladas do meu sino imaginário.

Bleng, bleng, bleng, bleng, bleng, bleng ...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Tentáculos


Ato 1
Em meio ao limbo diário
Alheio em uma dor silenciosa
excruciante e ao mesmo tempo inerte
cercado de palavras claras
e explicações dolorosas demais

Era a força da vida que procurava um eixo.
Exigências que sufocavam,
cobrança dependente e vil.

Nada parecia, de fato, perdido.
mas o ceticismo exagerado começara a incomodar.
Seus tentáculos pareciam mais fortes
e me envolviam com sua malícia

Quase uma cegueira latente
laços e correntes apertavam mais a cada tentativa
corroiam a carne e sugava o sangue
Permearam sonhos alheios e os destruiram sem culpa
leeches da vida comum


Ato 2
Ontem,
Fui tomado... Abalado...
Atordoado por uma vontade maior do que eu.
como quem acordara de um longo torpor
e cansado de sofrer pelas lágrimas alheias

Livre de todas as penitências...

Há quem perca a vontade de viver para sonhar.
Quis os dois, sem arrependimentos.
Mas eu precisava de um impulso maior

e assim, fui libertado das prisões que eu mesmo criei
(auto-flagelações a parte, masoquismo não)
com duas palavras temperadas a pitadas de loucura
quem sabe mais frases, então.

Minha realidade não-mais-alternativa, agora sorri.
É hora de dançar e aceitar...

Dançar à vida e aos sons que apenas nós escutamos

Aceitar que o que passou, passou
"fi-lo porque qui-lo"
por ser sincero, por honrar minha vontade
e evitar sofrimentos futuros

Mudei de ideia, sim.
Me dou o direito de não me deixar escravizar pelos dias que eu não sonhei.
ponto.

Reciprocidade e dedicação mútua, é um começo.
Saber é relativo, tentar não.
que seja então minha busca.

Um antigo ciclo infinito agora para.

fe-liz-men-te. =D

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ontem


The same old thing


É o mesmo problema de sempre e o maior problema de todos
é a natureza pura do meu caos pessoal e o único mal que consegue me acertar
É a voz familiar que grita no epicentro de todas as minhas fugas

É uma ferida que nunca cicatriza que hora ou outra se abre novamente
e corta a carne e sorva o sangue

É onde viro o vilão casual das rotinas que nunca quis
tudo para proteger os que amo... de quem for.

E Não!
Não barganharei o silêncio hipócrita dos bons
não vendarei meus olhos e nem fingirei não estar acontecendo
a indiferença não passa por aqui. e se for para ser assim...
que seja, então.



Refúgio


A sensação é a mesma...
a mesma de 26 anos atrás

É como estar sempre exposto à luz
sem a segurança do silêncio
ou a proteção da paz

Todos precisam... de um refúgio
um canto de paz para exilar-se da dor
para fugir do medo...

...um lugar cercado de proteção
onde você possa recuperar suas forças
e enfrentar o amanhã revigorado

Um lugar onde possa encontrar um canto de paz

onde está o meu?

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Palavras sem estruturas
assim como eu estou
só hoje.

cansei das minhas fugas
e de procurar desculpas
só hoje.

Sei que Deus nunca nos dá mais do que podemos aguentar.
mas uma vez em nunca posso me permitir o desabafo
só hoje.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um ovo nada pessoal


Hoje acordei levemente decepcionado... Não tinha sonhado com nada... Nada mesmo...
Estava em uma maré tão boa de sonhos lúcidos e simultaneamente envoltos em fantasias ridiculamente desconexas. E todos me faziam acordar bem.
Em um estava a atropelar cobras gigantes pilotando uma lambreta com minha irmã (na direção) em um dos cartões postais de Manaus... Em outro, uma estória inteira envolvendo zumbis e vampiros... Com direito a acordar para planejejar o que pretendia fazer e voltar para o mesmo sonho.

Entretanto essa noite foi diferente! um lapso temporal em um tom branco, e só.
Diante da decepção egoista... Minhas paz era maior, claro! Afinal... há dias mantinha o controle deles. Tudo regado a dois pesos e duas medidas... Como sempre deveria ser. Mas é claro que o meu tão companheiro de dias sem fim, o caos, não deixaria por menos...

Essa manhã "ele" havia me presenteado com uma surpresa! Embora não fosse uma surpresa boa, tão pouco trouxe tristeza! Talvez apenas tenha libertado minha mente da inércia matinal para pensamentos aleatórios!

Eu mal saíra de casa e constato a obra de arte urbana pós-poderna cravada no vidro dianteiro do meu carro: Pedaços do que antes foi um ovo, enfeitados aleatoriamente pelas mãos da física , secos e grudados em meu patrimônio de maior valor de forma violenta e irracional.

Inicialmente? um sorriso (verdadeiro) com cara de "Justiça feita e merecida". Sim, eu acredito que somos merecedores de tudo que nos ocorre, (por mais que nossas lembranças ou raciocínios não possam explicar) sejam bons ou ruins, independente de caber a nós (ou não) o entendimentos da trama do destino.

Primeiramente a análise: Pela forma em que os pedaços estavam dispostos, presume-se que o ovo foi jogado por alguém que vinha pela rua e não pela calçada, e pelos estilhaços de casca que alcançaram até o muro constata-se que: ou a pessoa vinha em alta velocidade em um carro ou em uma moto ou estava realmente furiosa (nesse momento parei para rir bastante ao imaginar a cena).

Contudo não adiantava avaliar nada além disso! Mesmo que considerássemos que a pessoa poderia ter vindo da rua de baixo o que poderia indicar que a pessoa havia premeditado o ataque por vir de uma rua de pouco movimento, ou veio da rua principal e fez o retorno ao identificar que o carro me pertencia... Ou ainda, que poderia ter esperado o vigia (que costumava sentar ao lado de casa com exceção aos momentos em que fazia sua ronda pelo conjunto) ou que simplesmente "coincidiu" em passar no momento em que o vigia não estava.

Então pensei em todas as minhas ex's. É claro que pensei nas psicóticas primeiro (o que representava a maioria gritante! ¬¬) mas nenhuma delas faria algo depois de tanto tempo... Geralmente as psicóticas gostam de destruir mundos com suas unhas descascadas enquanto o sangue ainda ferve! perdidas em sua raiva cega e fúria assassina! E mesmo que fizessem... fariam algo realmente danoso... O que varia desde furar pneus até seguir as novas tendências como incendiar carros e etc.
Pensei também na empregada recém demitida da casa de meus pais (de mesmo logradouro) que também tem problemas psicológicos e acredita ser trabalho escravo, trabalhar das 8h as 14h com longas pausas para refletir sobre a vida comendo pitombas...

Enfim! Nenhuma dessas hipóteses apontaria ao responsável ou se o ataque estava direcionado ou se era aleatório. O fato é que tão pouco importava o autor ou a intenção, mas sim o porquê. Eu realmente não sou ligado a bens materiais... E nesse ponto sou realmente um monge budista! se quebrou, tento consertar, se não houver conserto... Trabalho e compro outro! Simples assim! E tão pouco seria um "dano" reparável a 3 minutos de água e sabão que me traria algum fio de preocupação. Mas pensar é divertido... e sempre válido!

Apenas sei que no frigir dos ovos: seja acaso ou intenção... esse pequeno mal (quase um heads up!) funcionou como a única função que todo mal que nos aflinge deve ter: vir para o bem. =D

Não sei explicar mas hoje senti vontade de fazer/comer pudim... uhm.... pudim..